segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

EDUARDO E AÉCIO - AFAGOS DE QUEM TEM IDEIAS PARA O BRASIL

''Nada impede que amanhã possamos estar juntos novamente. Eu acho que entre nós, a Dilma e o Aécio há mais identidade do que com parceiros que estão aliados a eles na oposição, e outros que estão aqui na base de apoio. Muita gente da sociedade percebe isso e torce para que um dia possamos estar todos juntos''. A frase, que pode até ser entendida como um aviso e uma mensagem de esperança em termos de 2014 é do governador Eduardo Campos, em entrevista ao jornal O GLOBO.

Veja o que disse Eduardo:

O GLOBO: Quando se conheceram na época das Diretas, imaginava que o Aécio chegaria onde chegou?

EDUARDO CAMPOS: Não, nem ele, nem eu imaginávamos onde íamos chegar. Mas sabia que era difícil ele não enveredar pelo caminho da política, porque estava cercado por aquelas circunstâncias, do pai e do avô já na política. Ele tinha gosto por aquilo ali.

O GLOBO: Qual seria o peso da lembrança do avô Tancredo no jeito de fazer política do Aécio?

EDUARDO CAMPOS: A habilidade e a leveza. Você nunca via o Tancredo fazendo política batendo em pessoas, sempre optou por ideais e o valor da democracia, dos interesses mais elevados do país. Tancredo manteve uma posição moderada, mas fiel ao valor democrático.

O GLOBO: O que há no jeito de fazer política do Aécio que você admira e se identifica?

EDUARDO CAMPOS: Aécio tem espírito público. Não há aquela posição de negar o interesse público porque está na oposição. Em vários momentos, durante o governo do presidente Lula, eu na Câmara ou no governo, tive a oportunidade de vê-lo ajudar o país. Ele viu isso nas práticas e atitudes de Dr. Tancredo, eu vi nas do Dr. Arraes. Eu acho que a gente tem procurado ser fiel a isto.

O GLOBO: O que não gosta no jeito dele fazer política?

EDUARDO CAMPOS: De nos ver em campos opostos. A gente já disputou muita luta no mesmo campo, já nos vimos em campos distintos, mas nunca deixamos de ter uma relação de fraternidade e muito respeito. É uma coisa que a gente cuida mesmo, com muito zelo.

O GLOBO: Em Minas, é grande a expectativa do Aécio ser candidato à presidência em 2014. Você acha que ele deveria se candidatar?

EDUARDO CAMPOS:Hoje estamos no mesmo campo em Minas, no governo de Anastasia, mas no campo nacional estamos em posições distintas. Estou no projeto da presidente Dilma, torcendo para que ele dê certo. Aécio tem dimensão política e uma obra administrativa em Minas que o credencia para fazer qualquer disputa neste país. A decisão de ser ou não candidato vai caber a ele ou ao partido dele. Uma disputa entre Dilma e Aécio deixaria o país tranquilo de saber que tem duas biografias honradas na disputa.

O GLOBO: Sendo Aécio candidato ou não, o senhor caminharia ao lado dele algum dia?

EDUARDO CAMPOS: É precipitado discutir 2014, uma eleição acabou agora. Nossa tarefa é ajudar Dilma a fazer um grande governo, ela tem condições de disputar uma reeleição. Eu e Aécio já tivemos a nossa alegria juntos, o apoio às Diretas e ao Dr. Tancredo. Estivemos em campos opostos, quando ele estava no governo Fernando Henrique, líder do PSDB, e eu líder do PSB e da oposição. Depois estivemos juntos em Minas, ou seja, nada impede que amanhã possamos estar juntos novamente. Muitas vezes, o debate eleitoral te deixa aliado de determinadas correntes das quais você é mais distante na prática política do que outros que estão na oposição. São contradições que o processo histórico vai vencer. Eu acho que entre nós, a Dilma e o Aécio há mais identidade do que com parceiros que estão aliados a eles na oposição, e outros que estão aqui na base de apoio. Muita gente da sociedade percebe isso e torce para que um dia possamos estar todos juntos.

O GLOBO: O senhor consegue vislumbrar a união dessas três forças?

EDUARDO CAMPOS: Isso é um processo político, vai acontecendo em alguns estados, maturando em governos de grandes cidades, acumulando para que no futuro a gente possa viver uma situação como esta. Não adianta ter pressa, porque essa pressa vai aniquilar o verso.

Em seguida, a réplica do Senador Aécio Neves:

O GLOBO propôs a Aécio uma entrevista para ele falar apenas sobre Eduardo Campos, e vice-versa. Em meio às perguntas sobre o colega, Aécio passou seu recado:
- A nossa identidade é tão forte que em determinado momento nós vamos estar juntos e construir um projeto de Brasil.
Ele não economizou elogios ao colega Eduardo Campos e vê mais afinidades entre eles do que entre seus avós, Tancredo e Arraes:

O GLOBO: Quando se aproximaram na época das Diretas, imaginava que o Eduardo Campos chegaria onde chegou?

AÉCIO NEVES: Não, e acho que tampouco ele podia me ver com a trajetória que eu fiz. É uma história curiosa, porque o Miguel Arraes e Tancredo nunca estiveram muito próximos. Mas, nos momentos cruciais da vida nacional, eles se uniram. Do ponto de vista conceitual e ideológico, temos uma identidade muito maior do que tinham nossos avós, e isso pode facilitar muito uma aproximação no futuro. Do ponto de vista de gestão, Eduardo é um daqueles com quem encontrei maior afinidade durante todo o meu governo.

O GLOBO: Qual seria o peso da lembrança do avô Miguel Arraes no jeito de fazer política do Eduardo?

AÉCIO NEVES: O Arraes é uma lenda, pela resistência e pela forma com que demonstrou coragem na defesa dos valores democráticos, porque os desafios naquela época eram estes. Hoje, os desafios são outros. A herança maior é nos princípios, da correção e da seriedade, além do compromisso com o Nordeste, essa visão humanista que ele permanentemente tem. Na política, nada substitui a relação pessoal entre as pessoas, e o Eduardo é muito agradável na relação pessoal e um homem que tem um compromisso com o país. Se um dia vamos estar juntos, o destino que vai dizer, mas eu acho que é inexorável. A nossa identidade é tão forte que em determinado momento nós vamos estar juntos e construir um projeto de Brasil.

O GLOBO: O que há no jeito de fazer política do Eduardo que você admira e se identifica?

AÉCIO NEVES: Sempre foi um homem de muita conversa, na busca do entendimento. Há uma identidade forte na nossa forma de ver o país, temos visão parecida em relação à gestão e à necessidade de intervenção forte para tornar o estado mais ágil e eficiente. O Eduardo veio aqui no início do seu governo buscando também um pouco da nossa experiência. Julgo que ele tem muito mais afinidade conosco até do que com muitos aliados que estão na base do governo.

O GLOBO: A que aliados você se refere?

AÉCIO NEVES: Do ponto de vista de gestão, vejo mais similaridade da ação dele com a nossa do PSDB do que do próprio PT, que não fez nenhum gesto até hoje do ponto de vista de qualificação do serviço público, pelo contrário.

O GLOBO: O que não gosta no jeito dele fazer política?

AÉCIO NEVES: Não gosto, hoje, de ele estar em um campo e eu em outro.

O GLOBO: Em Pernambuco, é grande a expectativa de Campos se candidatar à presidência em 2014. Você acha que ele deveria?

AÉCIO NEVES: Quem sou eu para dizer sim ou não. Ele participa de um grupo político amplo, mas sem dúvida é dos nomes que se afirmam com maior consistência. Ele está se preparando para um voo maior, certamente. Mas é prudente, tem um jeito um pouco mineiro de ver as coisas. Na política, a arte maior está exatamente em administrar o tempo, e ele está sabendo fazer isso com muita competência.

O GLOBO: Você o apoiaria?

AÉCIO NEVES: Eu teria muita facilidade de estar ao seu lado. Agora, somos reféns das circunstâncias que nos cercam. Hoje eu milito em um outro campo político, quem sabe não podemos nos encontrar na frente, independente da condição de o candidato ser ele, não importa. Eu acho que ambos gostaríamos muito de nos encontrar. Você falar em apoiar alguém que está no outro campo político hoje, pode parecer que você está abdicando de defender esse campo. Mas onde ele estiver, o Brasil vai estar servido.

PS DO BLOG: Um excelente caminho a ser pavimentado para a próxima eleição. Este blogueiro defendeu sem medo nenhum que o adversário de Dilma fosse o ex-governador mineiro. Agora com a possível soma do dois governadores mais bem avaliados em 2010, começa a se delinear um caminho firme para um Brasil mais preocupado com o futuro e sem demagogia. É esperar pra ver.

FONTE: BLOG DO MAGNO

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