segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

MALAFAIA X MARÍLIA: O QUE NÃO FICOU CLARO



Entrevista deste domingo provocou debate intenso pela internet

Assistimos todos uma das melhores entrevistas do ano (e olha que ele nem bem começou) na TV brasileira. De um lado, Marília Gabriela, a mais brilhante entrevistadora que conheci em toda a minha vida. Do outro,  Silas Malafaia, um ícone da nova igreja evangélica que arrebata multidões. Dois grandes mestres da palavra. Porém, algo ficou no ar. Não deu ainda pra perceber se a postura agressiva de Marília Gabriela era representada pelas vozes que ecoam nos quatro cantos do país contra a chamada Teologia da Prosperidade que arrebanha cada vez mais fiéis, cujo opositores descrevem como "trouxas" ou se vem de algum posicionamento pessoal. Ao meu ver, poucas vezes ela quis ser isenta nos questionamentos. Já o principal pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que possui um templo aqui em Caruaru, na avenida Visconde de Inhaúma, exerceu mais uma vez o seu dom de dialética e sua capacidade de ampliar polêmicas.

Assistimos e participamos do debate paralelo, pela internet, onde muitos se manifestaram com preconceitos de ambos os lados e defesa exacerbada de pontos de vista inconciliáveis. Ora, religião, como futebol e política estão no rol de temas difíceis que não deveriam permitir contendas. Mas, uma vez posto, vamos ao que interessa, lamentando tão-somente a falta de conhecimento sobre o abismo que separam o religioso dos grupos de resistência gay: a Constituição de 1988 e o PLC 122.

A criação do Projeto de Lei 122 que criminaliza a homofobia é moderno e atende parcialmente à necessidade de proteção aos homossexuais. Digo parcialmente porque à luz da razão, ele tenta prescindir um cidadão de qualquer opção ou orientação sexual com semelhantes defesas na nossa Carta Magna. 

Não devíamos nos ater apenas a pequenez de defender um grupo ou outro por mero preconceito. É preciso que este debate venha à tona para que possamos conhecer os "pontos obscuros" citados pelo pastor e os desejos jurídicos dos grupos gays. Fora dessa seara, só fazemos acirrar ainda mais o preconceito que nos transforma em animais irracionais e que degeneram nossa sociedade. 

Admiro muito o pastor Silas. Acho que não só sua igreja evangélica, como muitas outras, salva mais gente que o Estado inoperante. Sua defesa é baseada no seu entendimento bíblico e nós, como leigos (já que não conhecemos Teologia), viramos torcedores fanáticos no time dos religiosos, inclusive os católicos. Por isso mesmo discordo de muitas afirmações dele quanto a possibilidade, por exemplo, de um casal gay educar uma criança, dando-lhe todo o carinho e assistência que ela precisa.

Por outro lado, sei o quanto a comunidade gay no Brasil inteiro sofre com a violência e o falso moralismo deste país. É preciso que a Escola, desde criança, nos ensine como funcionam as religiões e não como são seus líderes. Se a criança fosse esclarecida quanto às religiões e à Educação Sexual, muitos conceitos repassados convenientemente ajudariam a promover paz social, quando não deixariam que estes mesmos conceitos prosperassem. 

Não quero fazer parte desse jogo. Gosto de me posicionar sobre tudo, até em coisas que posso desdizer, como faria o grande Raul Seixas em sua maravilhosa Metamorfose Ambulante. Não concordo com vários pontos do PLC 122. E faço isso com a serenidade de quem busca sempre ser um moderador eficiente. Não  podemos criar direitos maiores para uns em detrimento de outros. Se o projeto fosse para ciganos, deficientes ou extremistas filosóficos, o criticaria do mesmo jeito. E muitos dos meus amigos e amigas gays sabem desta minha posição, sendo que muitos não concordam com sua existência. 

Faço questão de não estimular nenhuma forma de racismo ou preconceito. A melhor definição sobre "a maior de todas coisas" está lá em I Coríntios. Basta ler. O Amor é a maior de todas as virtudes. E neste momento em que o nosso país precisa mais do que urgentemente ser passado a limpo, a Constituição Cidadã de 1988 deve prevalecer para buscar tornar cidadãos mais iguais e fraternos.

Assista abaixo a entrevista completa:


Um comentário:

  1. Ótima postagem, Cláudio, e pelo que entendi sobre sua opinião, ela se parece muito com a minha... posso ter interpretado mal, mas é isso, temos que separar bem cada coisa, uma coisa é ser violento contra um determinado grupo ou pessoas, e outra é se posicionar e agir de forma diferente, afinal se a questão é não haver preconceito nem racismo, ambos tem direito a ter sua própria conduta e opinião de acordo com o que crer... e como Silas meio que citou: "Eu me baseio na Bíblia...".
    E a Bíblia aponta um caminho e isso é fato... também é fato que cada um tem o direito de optar ou não pelo que Deus nos ensina no evangelho, e seguir sua própria vontade e modo de viver!

    Pra finalizar, vc citou I Coríntios 13, o Amor (não confundam com paixão ou fascínio), Amor como atitude, sempre há de prevalecer Deus age assim, nós é que não sabemos como amar o próximo como assim mesmo.

    Com certeza um assunto muito mal interpretado por todos e confuso!

    Grande abraço, Cláudio!!

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