Ao
ver, ler e ouvir as recentes declarações de artistas sobre nosso São João,
coube-me a obrigação de tentar estratificar o que anda acontecendo com nossa
principal festa.
Vi,
estarrecido, o desabafo de artistas como Herbert
Lucena, Azulinho, Tony Maciel e outros, cobrando uma maior caracterização
dos nossos festejos ou tentando saber alguma explicação pelas ausências nos
palcos. É verdade que nunca uma programação junina conseguirá atender todas as
vontades dos indutores da criatividade caruaruense. Mas também é verdade que se
o São João de Caruaru não pertence a Zé, Tony ou João, mas ao povo de Caruaru, também
é verdade que a prefeitura e a Fundação de Cultura é que são responsáveis pelas
novas descobertas artísticas que sobressaltam todos os dias no nosso circuito
cultural, que (pasmem!) nunca recebem a visita dos seus diretores, segundo
seleto grupos de produtores. E ai é que mora a diferença entre os gestores.
Não
tenho nenhum receio de afirmar aqui que o sucesso que hoje recai sobre nomes
como Valdir Santos, Herbert Lucena,
Almério, Rogéria, Flor de Mandacaru, Forró Quentão, entre muitos outros,
deve-se exclusivamente ao talento deles, mas aliados a outras ações. Só que uma
dessas ações, muito bem pensada e fundamentada na descoberta de novos talentos,
foi a ação concreta da Fundação de Cultura, então na gestão de Tony Gel, na promoção desses nomes de
forma direta. Ou seja, contratando-os e dando a eles seus maiores desafios.
Invariavelmente, estes novos astros da música local tiveram suas oportunidades
nas festividades da Semana Santa, no Natal, mas, fundamentalmente, no São João.
Nos festejos juninos é que desabrocharam para o grande público e puderam
divulgar com mais força e entusiasmo seus trabalhos.
A
ausência de talentos como Tony Maciel
e Azulinho e muitos outros no São
João, só realçam a falta de compromisso da atual gestão com o novo e a tradição.
E não se trata apenas de insatisfação no meio musical. Porque será que não
temos mais as exposições dos artistas plásticos caruaruenses? Porque não vemos
mais as tradicionalíssimas apresentações dos bacamarteiros, resumidas agora
somente a um desfile, que ainda inimaginável de se acabar? Porque até agora ninguém
sabe que João do Pife e a Banda Dois Irmãos estão fora do São João?
Durante
anos poderemos estudar que tipo de festejos juninos queremos oferecer ao mundo.
De um lado, a permanente defesa dos princípios culturais, cujas raízes estão
sedimentadas no cancioneiro típico das bandas de pífano e nos trios pé de
serra, passando pelo vestuário invariavelmente caipira com sua tradicional
camisa xadrez e calça remendada e parando nas ambientações recheadas de balões
e bandeirolas. Do outro lado, está a indústria sem chaminé, que é o Turismo.
Nele, a geração de emprego e renda, aliada à modernidade, com suas montanhas de
ferro e plástico, buscam tão-somente a materialização de milhares de
consumidores numa vitrine usada para vender a pujança financeira de nossa
cidade e, porque não dizer, de uma região.
Olha vou ser sincero, acho que o que acontece com o São João de Caruaru, é o que vem acontecendo com essas festas em todas as cidades do Nordeste, tal qual o carnaval aqui de Salvador, essas festas viraram fonte de renda, e sao os patrocinadores que exigem determinados artistas ou nao. se vc lembra trabalhei durante muito tempo na FUNDAçao de Caruaru e trabalhei diretamente com a produçao do São Jøao, acompanhei varias fases da organizaçao, e ouvi tais reclamaçoes sempre, isso ja tem mais de 12 anos. infelizmente é uma realidade. os artistas regionais ou sem muita repercuçao nacional ficam em palcos menores, e tenho certeza que isso nao depende de politica,. se vc colocar uma atraçao como azulao no palco principal do patio em uma noite de sao joao tenha certeza que o publico vai detestar, e no ano seguinte vai preferir ir para outra cidade. entao acho que o que tem que ser feito é continuar com o palco ai no estaçao como palco alternativo e uma coisa que foi esquecida que pode voltar é a de enfeitar as ruas e tentar trazer de volta o sao joao nas ruas de caruaru. se nao como antes mas que pelo menos tenha bandeirolas e luz isso sim, a cidade tem que ficar mais bonita nao so na area do patio. pronto falei
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