Propaganda tem mais compromisso com a verossimilhança do que com a verdade. Jornalismo, não. Por mais que não exista verdade absoluta, o jornalismo deve persegui-la a qualquer preço.
Qualquer notícia honesta é a melhor versão possível de um fato.
Qualquer boa peça de publicidade é a criação mais eficaz para vender uma idéia ou produto.
O que os programas dos candidatos apresentam durante uma campanha eleitoral no rádio e na televisão é pura propaganda. Exaltam seus méritos e, se necessário, desancam seus adversários.
Entra eleição, sai eleição, e o jornalismo no Brasil segue a reboque da campanha dos candidatos - do que eles dizem ou fazem, dos fatos que produzem para virar notícia e das pesquisas de intenção de voto.
Esse é um jornalismo preguiçoso, cômodo e que custa barato. Quase sempre é também um jornalismo que beneficia candidatos com muito dinheiro e esquemas de marketing poderosos.
Serve a tais candidatos e aos que o apoiam. Não serve à sociedade. Nem à criação de um verdadeiro Estado democrático.
(Correio Braziliense. 25 de agosto de 2002)
FONTE: Blog do Noblat
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