A ELEIÇÃO DA CÂMARA EM TRÊS ATOS

Lícius Cavalcanti é eleito presidente da Câmara de Vereadores de Caruaru

A Política, como o Futebol e a Religião, é uma das paixões que fazem vibrar o mais inexperiente torcedor ou discípulo. Os lances e nuances dessas eleições para a mesa diretora da Câmara de Vereadores de Caruaru comprova aquela máxima de só se decidir no último minuto, ou o último voto. Num jogo que parecia de cartas marcadas ou texto escrito por um bom novelista, a narração dos fatos tem três momentos distintos: o primeiro, a eterna interferência do Poder Executivo, que chegou a adiar a votação para o dia seguinte. O segundo, a  eleição em si, votação e apuração, tendo como protagonista na narrativa o ainda presidente Rogério Meneses, que ainda leu todos os votos numa sequência que só era decidido no último voto. E o terceiro, e último, o momento final, de discursos tipo "deixa-disso".

Como primeiro momento, o prefeito José Queiroz, que no afã de decidir a eleição como bem entendia, aplicou duas doses erradas de competência, apoiando em momentos distintos os candidatos Adolfo José e Leonardo Chaves. Errou feio. Nem mesmo Adolfo e seu estilo bonachão foi suficiente para derrotar o candidato Licius Cavalcanti. Parecia uma novela repetida, aquela de Neguinho Teixeira, em que nos tempos atuais, para onde Leonardo Chaves for, a maioria dos vereadores vai pro lado oposto. Excetue-se ai, a eterna inhaca do poder. Mostre-me um prefeito nas últimas décadas (eu falei décadas) e lá está, firme, como aliado o vereador que não possui um fio de cabelo branco sequer, como afirmou Tony Gel, na sua despedida da Casa José Carlos Florêncio. 

O segundo momento, a eleição, mostrava o quanto para se resolver problemas políticos, os próprios políticos decidem enfrentar qualquer dificuldade. A articulação da chapa vencedora sabia que deveria enfrentar problemas difíceis de convivência com o prefeito. Ou alguém imagina que isso vai ficar barato? Desde quando enfrentá-lo custou pouco? Nesse emaranhado de divisões, diminua-se a eleição de Lícius e some-se a eleição de Louro do Juá e Diogo Cantarelli.

O terceiro momento foi o dos panos quentes. Depois da vitória, nada melhor do que um bom discurso conciliador. Lícius fez o dele. Reafirmou seu compromisso com Queiroz, talvez pensando na rebordosa que vem por ai. Mas ninguém escondeu-se do constrangimento de ouvir as indiretas de Diogo e as mais do que diretas de Louro contra o prefeito. E é justamente aí, que tem inicio um quarto momento, aquele de recolher os cacos. 2012 está a dois passos de começar. O tabuleiro foi mudado e o jogo já começou. E nesse novo jogo o prefeito José Queiroz perdeu e perdeu feio para a Oposição. Quando o resultado saiu, fiquei imaginando a cara do ex-prefeito e ex-vereador Tony Gel quando soube da derrota do prefeito. Afinal, sua renúncia em favor de Louro do Juá caiu como uma luva na articulação da nova chapa. É. A roda gira...